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mariana

26 de Junho, 2024

Feira do Livro de Lisboa - 2024

mariana

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Começar por dizer que a FLL tem sido um dos pontos altos dos últimos anos. Adoro organizar com antecedência as compras que quero fazer, consultar os livros do dia, listar as melhores oportunidades, encher o telemóvel com prints e guardar algum entusiasmo para uma ou outra compra não planeada.

Ao contrário dos anos anteriores, em 2024 não consegui visitar a Feira na sua melhor altura – a hora H. Ao ver os dias chegarem ao fim sem conseguir ir a Lisboa estava a deixar-me tristonha, mas já na última semana, consegui preparar tudo e ir até ao paraíso dos livros, nas últimas horas do último dia possível.

Lá chegada, comecei pela descida da editora Relógio d’Água e as primeiras compras aconteceram no espaço da Porto Editora/Bertrand:

- Apenas Miúdos – Patti Smith (18,80€ -> 11,28€)

Já andava para comprar este livro há alguns anos, e quando o vi como livro do dia, achei que estava destinado. À data de hoje estou a metade da leitura, intercalando o livro físico com o audiobook narrado pela autora (e completamente viciada).

- Violeta – Isabel Allende (18,85€ -> 11,31€)

Esta escritora desperta-me imensa curiosidade, especialmente o seu “A Casa dos Espíritos”. Como nunca li nada da sua autoria, decidi trazer este, que é uma das suas obras mais recentes e espero lê-lo em breve.

- Almoço de Domingo – José Luís Peixoto (17,70€ -> 10,62€)

Adoro o José Luís Peixoto. Já li “Autobiografia” e “Morreste-me” e andava de olho neste “Almoço de Domingo” desde que vi uma apresentação dele numa livraria. As expetativas estão altas e acho que ainda não é desta que me vai desiludir.

(Quando cheguei à caixa para pagar, tive ainda um desconto de 5€ porque gastei mais de 30€!!!)

- O Século XX Português - Fernando Rosas, Miguel Cardina, Luís Trindade, Andrea Peniche, João Teixeira Lopes e Francisco Louçã (22,90€ -> 13,70€)

A Tinta-da-China é sempre um problema, porque quero ter todos os livros que por lá são editados. “O Século XX Português” estava na wishlist há muito tempo e finalmente vou poder deitar-lhe as mãos.

- Lisboa Clichê – Daniel Blaufuks (24,90€ -> 14,94€)

Este veio nos dias seguintes, na promoção que a Tinta-da-China faz no seu site, em que disponibilizam todos os livros com os descontos que tiveram na Feira, sejam eles de 20%, 30% ou 40%. Do mesmo autor li o seu “Cadernos Blaufuks I” e comprei este para oferecer e roubar ao mesmo tempo.

- Um Cão no Meio do Caminho – Isabela Figueiredo (16,90€ -> 13,50€)

Da Isabela Figueiredo conheço “A Gorda”, livro que li há alguns anos, e apesar de não ter adorado, fiquei com vontade de ler mais desta autora. Pelo que tenho visto por aí, tem-se falado positivamente tanto deste livro, como do “Caderno de Memórias Coloniais” e vai daí, decidi trazer este.

- Vemo-nos em Agosto – Gabriel García Márquez (14,40€ -> 11,50€)

Aqui está a compra-impulso deste ano. Ainda não tinha lido nada deste Nobel, apesar de ter o “Cem Anos de Solidão” em casa, comprado também numa ida à FLL. Como uma pessoa não se controla, já li este pequeno livro de uma assentada.

Assim foi a Feira do Livro de Lisboa de 2024. Apesar da visita tardia, considero que foi bastante produtiva e não podia estar mais contente com estas recentes aquisições. O objetivo é ler tudo antes da próxima edição, para atenuar uma culpazinha de ter comprado mais livros sem ainda ter lido todos os da FLL de 2023, ou da FLL de 2022, ou…  

E por aí? Como foi a Feira do Livro?

13 de Junho, 2024

The virgin suicides - Jeffrey Eugenides

mariana

Este livro ficou parado na estante durante mais de um ano desde que o comprei, por nenhuma razão em concreto. Quando fui de viagem a Edimburgo, olhei para ele e pensei "vou-te ler" e levei-o comigo.

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A história passa-se nos anos 70 em Detroit e conta-nos a curta vida e morte de cinco irmãs que se suicidam no espaço de um ano – calma, este facto não é spoiler, uma vez que sabemos desde as primeiras páginas o que acontece.

A primeira a morrer é a mais nova, Cecilia, que é descrita como sendo “estranha”, e, no decorrer dos 13 meses que se seguem, acompanhamos o luto da família, pelo ponto de vista dos rapazes do bairro, rapazes estes que vivem em profunda admiração e obsessão pela vida destas irmãs. É esta a única fonte de informação e reflexões que obtemos, que vem da observação contínua que fazem a partir das suas casas, de conversas que têm com pessoas próximas e, nas raras ocasiões, do contacto com as raparigas.

Esta obsessão perdura no tempo, desde a adolescência, quando ocorrem os suicídios, até à idade adulta, uma vez que não conseguem descurar e prosseguir com as suas vidas completamente. Até mesmo na meia-idade, os rapazes continuam a encontrar-se, a analisar as provas que têm, os depoimentos, recordações e teorias das pessoas que estavam presentes nessa altura, sempre na esperança de encontrarem as razões para o que aconteceu e, assim, um desfecho.

“In the end we had the pieces of the puzzle, but no matter how we put them together, gaps remained, oddly shaped emptinesses mapped by what surrounded them, like countries we couldn't name.”

Este livro está escrito de uma forma quase poética, onde as descrições nos conseguem transportar para aquele lugar. Acho que o que torna este livro especial é mesmo a forma como é narrado, na primeira pessoa do plural, sem nunca percebermos de facto quem está a contar a história. Gostei muito da maneira que à medida que o livro avança, assistimos a uma degradação dos elementos circundantes – o isolamento da família, a decomposição da casa, a desintegração do bairro e dos edifícios, a instabilidade da saúde mental das pessoas à volta, as árvores a morrer – todo o declínio até ao triste final.

(Entretanto também vi a adaptação do filme pela Sofia Coppola e achei bonzinho!)