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mariana

24 de Setembro, 2024

Hello Beautiful - Ann Napolitano

mariana

Quem quer ler mais uma review acerca de "Hello Beautiful" (ou, na tradução portuguesa, "Olá Linda")?

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Não existem grandes questões acerca da popularidade deste livro - tem andado pelas bocas do mundo e sinto que já toda a gente o leu. É seguro dizer que andava também eu em pulgas para o ler e as expetativas estavam lá em cima. Li-o nas férias e, por isso, consegui estar focada ao máximo e ser absorvida pela história.

A família Padavano é constituída por quatro irmãs e os seus pais. Julia é a mais velha e é a mais forte e ambiciosa de todas. Depois Sylvia, que é a romântica do grupo. Por fim, temos as gémeas Emeline e Cecilia, a primeira que é o bom senso e a segunda que é a irmã artística. Estas irmãs são tão próximas que vêm quase como um set. 

Logo de início, é acolhido pela família o namorado de Julia, William. William cresceu num meio disfuncional e, desde muito novo, direciona toda a sua energia para o desporto, o único sítio onde se sente pleno e confortável. Fica inserido num ambiente de solidariedade, compreensão e afeto que todos os membros da família partilham. Começa assim o enredo deste livro, onde acompanhamos as vidas de todas as personagens desde os anos 60 até 2008.

“You’re depressed, not crazy. It’s not insane to be depressed in this world. It’s more sane than being happy. I never trust those upbeat individuals who grin no matter what’s going on. Those are the ones with a screw loose, if you ask me.”

Para quem, como eu, gosta de um bom drama familiar, vai encontrar aqui uma excelente história. Ann Napolitano conseguiu, ao longo destas 400 páginas, desenvolver e aprofundar cada personagem, com os seus diferentes traços de personalidade que as distinguem na maneira como lidam com as frustrações e desilusões da vida.

No entanto, não é só isso que faz deste um bom livro, mas também a forma como está muitas vezes carregado de um ambiente pesado e as decisões são tomadas de forma tão realística, que fazem com que de uma maneira ou de outra, o leitor se sinta conectado e capaz de associar alguns acontecimentos a si próprio e à sua família. 

12 de Setembro, 2024

Notas Sobre o Luto - Chimamanda Ngozi Adichie

mariana

O luto é um dos temas sobre os quais não me canso de ler. A maneira como as pessoas lidam com o término de uma vida, ou de uma relação, fascina-me e ajuda-me a olhar para dentro de mim e analisar a forma como eu própria ajo quando algo semelhante me acontece.

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Chimamanda Ngozi Adichie é uma escritora de quem gosto muito, apesar de apenas ter lido os seus livros de não ficção acerca de feminismo ("querida Ijeawele - como educar para o feminismo" e "todos devemos ser feministas"). Quando me apercebi que existia um "notas sobre o luto" fiquei logo interessada e com vontade de ler as suas reflexões.

O pai de Chimamanda faleceu subitamente em 2020, na Nigéria, na altura do covid-19, o que fez com que este processo de luto tenha sido bastante diferente do normal, apesar de uma experiência comum a muita gente durante a pandemia.
Neste pequeno livro (diria que se lê numa, duas horas), a autora conta-nos como foi para si ter conhecimento da morte do seu amado pai, assim como os dias, semanas e meses que se seguiram. Longe da família e conjuntamente com o desespero de não se poder viajar naquela altura, o funeral ficou suspenso durante meses, o que piorou a situação e o desfecho que procurava. 

“Grief is a cruel kind of education. You learn how ungentle mourning can be, how full of anger. You learn how glib condolences can feel. You learn how much grief is about language, the failure of language and the grasping for language”.

A partilha tão sincera deste tipo de momentos na vida de alguém surpreende-me sempre pela sua generosidade. A autora reflete sobre a forma como este acontecimento a influenciou, até no que respeita à linguagem. Nesta que foi uma carta de amor, foram várias as passagens que me comoveram e fiquei a admirar ainda mais a pessoa e escritora.

Há por aí recomendações de títulos de ficção de Chimamanda? 

02 de Setembro, 2024

Vemo-nos em agosto - Gabriel García Márquez

mariana

“Vemo-nos em agosto” foi o primeiro livro que li de Gabriel García Márquez. Sabia apenas que tinha sido lançado postumamente pelos filhos e contra a vontade do autor, por este o achar inacabado e sem qualidade para publicação. 

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Todos os anos, em agosto, Ana Magdalena Bach visita sozinha o cemitério onde a mãe foi sepultada. Passados vários anos desta tradição, sem nunca nada ter acontecido, Ana decide começar a ter casos extraconjugais com vários homens - um por ano, para ser precisa - o que acaba por impactá-la de maneiras muito diferentes. 

O que podia ser um livro com uma premissa promissora e ideias interessantes ligadas ao feminismo e ao luto acaba por ficar aquém do seu propósito. Apesar de ser uma leitura agradável, as pouco mais de 100 páginas em nada me acrescentaram e notou-se que realmente parece um livro em progresso e não o produto final que talvez o autor desejasse.

Posto isto, creio que tenho que apostar noutros títulos de Gabriel García Márquez, como o “cem anos de solidão” ou “amor nos tempos de cólera”, porque acredito não estar aqui espelhada a tão celebrada mestria deste querido escritor.