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mariana

10 de Outubro, 2024

A Palavra Que Resta - Stênio Gardel

mariana

Ouvi falar pela primeira vez deste livro há alguns anos, pelo youtuber Paulo Ratz, a.k.a. "Livraria em Casa", que falou sobre ele com tanta paixão que fiquei desde logo intrigada. Entretanto, ganhou o National Book Award na categoria de literatura traduzida, que é uma grande conquista para a língua portuguesa. Por tudo isto, quando vi que tinha sido publicado em Portugal (junho, Dom Quixote) e o descobri no Kobo Plus, não tardou até começar a lê-lo.

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Raimundo guarda consigo a carta que Cícero lhe enviou há mais de 50 anos. Aos 71 decide que está na altura de aprender a ler e escrever e assim, enfrentar as palavras que o amor da sua vida lhe deixou, quando o seu romance foi descoberto e Cícero desapareceu. 

Com esta decisão de olhar para trás, todas as memórias desses anos ressurgem, e é isso que acompanhamos ao longo do livro. O passado traz-nos a história de amor, os conflitos familiares, a pobreza, a ocultação da sexualidade, o preconceito, a violência, o desejo, a vergonha e, no final do dia, o poder que existe na palavra escrita. 

"Eu fiquei pensando se um dia a gente ia poder fazer do mesmo jeito na frente de outras pessoas, passar pelo mundo de coração e mão dada um ao outro, e naquele instante, tão ligeiro, o tempo menor que o tempo de uma palavra se forma no pensamento da gente."

Devo dizer que acho a premissa excelente, assim como as mensagens que o autor quer passar. A minha curiosidade em saber o conteúdo da carta esteve sempre presente. Acho que Stênio Gardel escreve frases lindíssimas. Há muito para gostar aqui, então... porque é que não funcionou para mim?

A estrutura narrativa deixou-me confusa em várias ocasiões (o que não costuma acontecer); não senti que existisse o desenvolvimento e aprofundamento merecido das personagens; achei que algumas situações (apesar de querem provar um ponto) foram demasiado violentas, demasiadas vezes; o final não foi ao encontro das minhas expetativas - estou ainda a decidir se gostei dele ou não.

Amava ter amado, mas para ser sincera, não me conquistou. Ficou assim-assim, infelizmente. De qualquer das formas, tenho intenção de ler mais deste autor, talvez num outro formato.

01 de Outubro, 2024

Munique e muitos livros

mariana

Setembro foi mês de mais um passeio - desta vez a Munique! À semelhança do que aconteceu quando fui a Edimburgo, venho falar aqui um pouquinho desta viagem no que toca a livros. Gosto sempre de guardar algum tempo para visitar livrarias e já é tradição trazer um livro como recuerdo dos sítios para onde viajo. 

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Hugendubel

Esta foi a primeira livraria que encontrei porque fica no centro histórico de Altstadt, mais conhecida por "old town", onde se concentra o maior número de turistas. É aqui que fica Marienplatz, a praça mais famosa da cidade - reúnem-se multidões para ver o Rathaus-Glockenspiel - um relógio mecânico que tem personagens em tamanho real e duas vezes por dia recria cenas da história de Munique.

Hugendubel é uma grande cadeia de livrarias na Alemanha e foi sem dúvida a maior livraria que encontrei. Tem dois andares, várias secções e também muita oferta de livros em inglês. Apesar de bem situada e obviamente ser um lugar reconfortante porque se fala de uma livraria, fugia um bocado à sensação que trazem as livrarias independentes, aqueles sítios especiais que procuramos.

Comprei aqui o "A Little Life" de Hanya Yanagihara, que já comecei a ler maaas, devido ao meu big book fear, juntamente com o reading slump que vai para estes lados, ainda não consegui avançar muito. Vamos ver como corre.

Literatur Moths

Logo a seguir, afastámo-nos um pouco do centro para ir à Literatur Moths que se define da seguinte forma: "The concept of Literatur Moths is more like a stage than a classic shop – a mobile backdrop for books, graphics and spectacle. The literary assortment – ​​finely sifted, nurtured and cared for. Despite the bestseller hype, it can still be unconditionally entertaining.". É um livraria bastante pequena, mas, pelo que vi, acho que existe bastante consideração no que está exposto, mesmo no que respeita aos novos lançamentos e bestsellers. Gostei muito de a visitar, mas existiam poucos livros em inglês e acabei por não comprar nada lá.

The Munich Readery 

Já no último dia, consegui ainda passar pela maior livraria de livros ingleses em segunda mão de Munique. Explorei os seus corredores de ficção, clássicos, história, sci-fi e as estantes com recomendações do staff. Acho que para quem tem tempo, é um ótimo sítio para se perder durante horas à procura de algo especial. Não tive horas, mas consegui encontrar o "Bel Canto" da Ann Patchett numa edição especial da Harper Collins, e por isso, fiquei bastante feliz. 

Noutra nota, relacionado mas não muito, fui a uma loja de discos - Optimal Records - que foi a descoberta que mais adorei. O pessoal era super simpático, tinham grande oferta de discos em vinil, novos e em segunda mão, e vendiam também livros e vinho. Acho que não se pode pedir mais de uma loja. Comprei o "Is This It" dos The Strokes (que, já agora, recomendo que vão ouvir), numa edição limitada muunnto linda!!! 

Fica aqui registada esta voltinha com vontade de ir passear a outras estâncias e descobrir mais livrarias e lugares bonitos.