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mariana

10 de Dezembro, 2024

A História de Roma - Joana Bértholo

mariana

Quando terminei de ler "A História de Roma" fiz duas coisas: escrevi umas páginas que denominei "vomitado.txt" e enviei uma mensagem à Joana Bértholo a perguntar quem é que ia pagar as minhas sessões de terapia.

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O texto vomitado segue mais ou menos estes trâmites: 

Ao marcar este livro como "finalizado" no meu goodreads, apercebi-me que o coloquei como "leitura desejada" em outubro de 2023. Passado um ano, comecei a ouvi-lo em audiobook e depois de alguns capítulos passei para o ebook, porque senti que estava a perder pormenores. 

"A História de Roma" é uma história de amor e desamor. Duas pessoas apaixonam-se, separam-se, reencontram-se várias vezes em diferentes países, e passados dez anos passam dez dias em Lisboa. Revisitam o passado e tudo o que entre eles aconteceu e o leitor segue de passeio aos lugares onde estiveram e aos seus lugares um no outro.

Um dos principais temas é a maternidade - a escolha de não querer ser mãe, as expetativas e a pressão da sociedade, como isso influencia as nossas relações amorosas e como nos vemos a nós próprias, e por aí vai. 

Não consegui ler este livro de forma objetiva. Acho que nunca li nada que exemplificasse tão bem o que acontece quando idealizamos alguém para ser/agir de determinada maneira e a forma como se entra em loop nessa fantasia (que acaba por ser um ponto de não retorno), quer seja durante uns meses ou dez anos.

Estas páginas ilustram na perfeição o que significa existirem duas versões da mesma história - a perceção que temos do que é a nossa realidade torna-se em algo confuso e distante do que é a realidade da outra pessoa - o que acaba por contaminar até as nossas memórias do que se passou. 

"Foi então que te saíste com aquela frase. Disseste:

"O problema é que há aqui um desequilíbrio."

"Um desequilíbrio?"

"O problema é que eu fui muito mais importante para ti do que tu para mim."

Esta era a frase invencível e eu tive de ouvi-la, molhar um resto de pão no café, alinhar migalhas na borda do prato, girar a asa da taça até ela quadrar na mão e olhar-te nos olhos. O problema era que tinhas razão."

A par com alguns livros que se vão adiando ler, cheguei ao fim com a pergunta "porque é que demorei tanto tempo a ler este livro?", e a resposta é simples: sem saber, ainda não estava preparada. O universo tem destas coisas, mas isso são outras histórias.

Escusado será dizer que "A História de Roma" tornou-se assim num dos meus livros preferidos, do ano e de sempre.

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