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mariana

04 de Fevereiro, 2024

Filho da mãe - Hugo Gonçalves

mariana

“A ausência da minha mãe é aquilo que sou. Se ela não tivesse morrido, talvez nem sequer escrevesse. Teria outra identidade, outra história.”

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Ouvi falar deste livro pelo próprio autor no podcast “Vale a Pena” da Mariana Alvim. Quando questionado se tinha sido difícil de escrever, Hugo disse que não, por ter sido um processo de muitos anos de investigação, psicoterapia e análise, e que apesar de terem existido momentos “poderosíssimos” nesta busca, quando passou os pensamentos para o papel, havia já muitas coisas pensadas.

Hugo revela no podcast que queria que este livro fosse uma reflexão profunda de um homem maduro sobre o luto e sobre a perda e não manipulador por relatar o sofrimento de uma criança de 8 anos, o que seria desonesto para com os leitores.

Eu gravito para livros sobre luto e sobre relações com mães e, portanto, quando encontro um que junte estes dois temas, lá vou eu feliz e com vontade de chorar (alguns dos que li são “Crying in H Mart” – Michelle Zauner, “I’m glad my mom died” - Jennette McCurdy, “A very easy death” – Simone de Beauvoir).

O autor partilha os últimos dias antes e os primeiros dias após a morte da sua mãe, assim como várias fases do seu crescimento, como a falta dela modelou a sua personalidade e as escolhas que foi fazendo relativamente às relações com as pessoas à sua volta, a sua vida em constante mudança.

“Obriguei-me a ficar, acatando assim o cumprimento do calendário da dor, tão fundamental na experiência e na aprendizagem de estar vivo como é o tempo de que precisamos para fazer o pão e o vinho. Há coisas que não podem ser apressadas ou esquecidas. Há coisas que temos de deixar que passem por nós.”

Quando leio este tipo de livro, acho algo estranho dar uma opinião sobre a história em si, uma vez que se trata da história real da vida de uma pessoa. Posso, contudo, dizer que foi um livro que adorei ler e tecnicamente acho que está muito bem escrito. Emocionei-me várias vezes e tive de parar outras tantas para dar um respiro por ter passagens tão duras (e bonitas).