Foster - Claire Keegan
Numa Irlanda rural, por volta dos anos 80, uma menina é deixada temporariamente em casa de familiares, que não têm filhos, enquanto a família dela se prepara para a chegada de mais um bebé.
Durante esse verão, seguimos o ponto de vista desta criança nas suas rotinas de dia a dia, como a ajuda nas lides da casa, o ver televisão, as conversas, as saídas com o casal para onde eles vão, a compra de roupas e livros, mas não só. A convivência faz com que entre eles sejam trocados momentos especiais. O que ao início parecia um cenário assustador, deu lugar a um sítio onde a personagem principal encontra um sentimento de calma, respeito, aprendizagem e amor, ao invés de se sentir abandonada.
“’There are no secrets in this house.’ ‘Where there’s a secret,’ she says, ‘there’s shame – and shame is something we can do without.’
‘Okay.’ I take big breaths so i won’t cry.”
A escrita, apesar de simples e clara, é muito bonita e conseguiu entregar uma história comovente, onde o sentimento de empatia pelas personagens e pelos seus desejos e medos, surgiu de mansinho e foi ficando até depois de ter terminado a leitura.
“I dip the ladle and bring it to my lips. This water is cool and clean as anything I have ever tasted: it tastes of my father leaving, of him never having been there, of having nothing after he was gone.”
Depois de ter lido “Small Things Like These” da mesma autora e de não ter adorado, este pequeno livro surpreendeu-me pela positiva. Penso que tenho que ir a um terceiro - "So Late in the Day" para o desempate.
(Traduzido em português com o título "Acolher")