The virgin suicides - Jeffrey Eugenides
Este livro ficou parado na estante durante mais de um ano desde que o comprei, por nenhuma razão em concreto. Quando fui de viagem a Edimburgo, olhei para ele e pensei "vou-te ler" e levei-o comigo.
A história passa-se nos anos 70 em Detroit e conta-nos a curta vida e morte de cinco irmãs que se suicidam no espaço de um ano – calma, este facto não é spoiler, uma vez que sabemos desde as primeiras páginas o que acontece.
A primeira a morrer é a mais nova, Cecilia, que é descrita como sendo “estranha”, e, no decorrer dos 13 meses que se seguem, acompanhamos o luto da família, pelo ponto de vista dos rapazes do bairro, rapazes estes que vivem em profunda admiração e obsessão pela vida destas irmãs. É esta a única fonte de informação e reflexões que obtemos, que vem da observação contínua que fazem a partir das suas casas, de conversas que têm com pessoas próximas e, nas raras ocasiões, do contacto com as raparigas.
Esta obsessão perdura no tempo, desde a adolescência, quando ocorrem os suicídios, até à idade adulta, uma vez que não conseguem descurar e prosseguir com as suas vidas completamente. Até mesmo na meia-idade, os rapazes continuam a encontrar-se, a analisar as provas que têm, os depoimentos, recordações e teorias das pessoas que estavam presentes nessa altura, sempre na esperança de encontrarem as razões para o que aconteceu e, assim, um desfecho.
“In the end we had the pieces of the puzzle, but no matter how we put them together, gaps remained, oddly shaped emptinesses mapped by what surrounded them, like countries we couldn't name.”
Este livro está escrito de uma forma quase poética, onde as descrições nos conseguem transportar para aquele lugar. Acho que o que torna este livro especial é mesmo a forma como é narrado, na primeira pessoa do plural, sem nunca percebermos de facto quem está a contar a história. Gostei muito da maneira que à medida que o livro avança, assistimos a uma degradação dos elementos circundantes – o isolamento da família, a decomposição da casa, a desintegração do bairro e dos edifícios, a instabilidade da saúde mental das pessoas à volta, as árvores a morrer – todo o declínio até ao triste final.
(Entretanto também vi a adaptação do filme pela Sofia Coppola e achei bonzinho!)